Lúpus Eritematoso Sistêmico
O Histórico
As primeiras descrições do lúpus datam do século XIII e o termo foi cunhado por Roggerio dei Frugardi, cirurgião da escola de Salerno, para descrever pacientes que apresentavam manchas vermelhas nas faces. O termo lúpus é originário do latim e significa lobo. Este termo foi utilizado porque as lesões do lúpus assemelhavam-se à mordidas de lobo.
Posteriormente, Laurent Theodore Biett (1781-1840) descreveu as lesões cutâneas do lúpus com o nome de ‘eritema centrifugum’: É bastante raro e acomete mulheres jovens cuja saúde é ,de outras maneiras, excelente. Afeta principalmente a face, com placas redondas vermelhas, levemente elevadas. Não há dor nem prurido e algumas vezes, deixa uma cicatriz.
Entretanto foi Ferdinand Von Hebra ( 1816-1880), um famoso dermatologista austríaco, que associou o rash malar do lúpus semelhante às asas de uma borboleta. Mas a descoberta de que o lúpus era uma doença sistêmica, e em muitos casos não se limitava à pele, deve-se ao seu genro, o também dermatologista Moriz Kaposi ( 1837-1902). Kaposi era húngaro e a duras penas conseguiu ingressar na Faculdade de Medicina de Viena, pois seus pais eram muito pobres. Ao se formar, foi estagiar com Ferdinand Von Hebra, e acabou se apaixonando pela sua filha. O casamento enfrentou algumas resistências, principalmente pelo fato de ele ser judeu e ela, católica. Kaposi deixou seu nome na história da medicina por ter descrito o lúpus e várias outras doenças, como o sarcoma de Kaposi.
A doença
O lúpus é uma doença sistêmica, autoimune, inflamatória. O sistema imunológico, desequilibrado, passa a produzir autoanticorpos, que reconhecem nossas próprias células como inimigas. O quadro geralmente é heterogêneo com múltiplos sintomas tais como: fadiga, alopecia, artralgias ou artrite, manchas em face (rash malar) ou tronco, úlceras orais, manchas desencadeadas pelo sol, serosite ( líquido nos pulmões ou coração). Outros sintomas comuns são inflamação nos rins (nefrite), anemia, leucopenia ( diminuição dos glóbulos brancos) ou plaquetopenia (redução nas plaquetas). Em alguns casos, podem surgir alterações neurológicas.
As causas
A etiologia do lúpus permanece desconhecida. Sabe-se que existem fatores genéticos e ambientais e hormonais envolvidos. As mulheres são mais acometidas que os homens, em geralmente durante o período fértil. Alguns vírus e a luz ultravioleta estão implicados na etiologia da doença. Cerca de 5 a 12% dos parentes de pessoas com lúpus podem desenvolver a doença.
Os exames complementares
O diagnóstico do lúpus é feito baseado nos sintomas clínicos e exames de autoanticorpos como o FAN, antiDNA, antiSM, antiRo, antiLa. É bom lembrar que esses anticorpos podem aparecer em outras doenças, assim, só o FAN positivo não é diagnóstico de lúpus.
O tratamento
Existem várias medicações utilizadas no tratamento do lúpus, a depender dos sintomas associados. Os mais utilizados são cloroquina /hidroxicloroquina, corticóide, antiinflamatórios, imunossupressores como azatioprina, ciclofosfamida, micofenolato de mofetil, ciclosporina. Recentemente, uma nova droga foi lançada no Brasil para o tratamento do lúpus: belimumabe.
Além disso, outras medidas como evitar o sol, alimentação balanceada, controle do estresse e atividade física também são importantes.
Referências
- Carvalho MA, Lanna CCD, Bértolo MB – Reumatologia diagnóstico e tratamento- 3º ed. 2008 – ed. Guanabara koogan
- Hochberg MC, Silman AJ, Smolen SJ, Weinblatt ME, Weisman MH – Rheumatology – 20
- Gurevitz SL, Snyder JA - Systemic lupus erythematosus – a review and treatment options- consult. Pharm. 2013,feb. 28, 110-21.